quarta-feira, 16 de junho de 2010

Caroline Bolzan

TRABALHANDO EM EQUIPE

Nome: Caroline Bolzan
Idade:
Porque tem uma vida dupla? Está fazendo faculdade de Relações Públicas e joga futebol


O esporte coletivo é um dos grandes aprendizados para o convívio e o trabalho em grupo. O atleta precisa conviver com pessoas de diferentes opiniões e aprender a trabalhar com as diferenças. O profissional de Relações Públicas tem a maior parte do seu trabalho voltado aos diversos públicos, resolvendo crises, traçando estratégias para uma melhor convivência entre as pessoas. E é a união destas duas atividades que faz com que Caroline Bolzan goste tanto da área da comunicação quanto do relacionamento com pessoas.

Estudante do terceiro semestre de Relações Públicas, Caroline tem ... anos e também é jogadora de futsal pelo time Tripulantes. A paixão pela carreira esportiva vem desde a infância e foi se profissionalizando com o passar do tempo. “Eu jogo futebol desde pequena, meus primos foram jogadores e toda minha família adora o esporte, por isso comecei a jogar. Eu disputava torneios pelo colégio e posteriormente entrei para um time de futsal”, conta ela.
Questionada se considera que tem uma vida dupla, ela diz que não, mas que tem duas atividades que se complementam. “O Futsal não atrapalha, pois ele é uma hora de lazer. A faculdade se torna maçante pela quantidade de conteúdo e quando se joga ou treina eu fico mais calma, mais tranqüila”, acrescenta Caroline. Caroline trabalha na ouvidoria .... e já está atuando na área de Relações Públicas.

Sobre o futuro profissional, ela diz que procura na profissão de RP uma estabilidade financeira, mas que se conseguisse consolidar-se em uma carreira no futsal, certamente escolheria o esporte. “Se eu tivesse oportunidade, jogaria profissionalmente. Gostaria de jogar por time de universidade para poder ganhar bolsa de estudo e conciliar minhas duas coisas que eu adoro. Pois, futebol já faz parte da minha vida e se puder não pretendo parar nunca. Posso parar de disputar campeonatos e torneios, mas largar o futebol não”, comenta Caroline, que ainda explica como as duas carreiras se complementam na sua vida: “O esporte melhora a minha carreira como RP, pois no meu time tenho que lidar com várias pessoas, de vários perfis e opiniões, sendo essa experiência muito importante para minha carreira”.

Mayra Maggenti, colega de faculdade, não consegue imaginar Caroline seguindo somente uma da
s duas carreiras: “Como ela é muito comunicativa, ela tem toda a vocação para ser uma excelente RP, contudo ela poderia se encontrar no mundo dos esportes com o futebol. A Carol deve jogar bola muito mais que muito marmanjo, porém não acredita muito no espaço que as mulheres têm neste campo dos esportes, assim como eu”. Mesmo nunca tendo visto a colega jogar, Mayra acredita que ela deve ser uma craque, tamanha é a paixão e a dedicação de Caroline pelo esporte. Mesmo assim, ela não se descuida dos estudos: “Acredito que com a responsabilidade que a Carol tem, ela consiga se dedicar em igual para as duas atividades”.
Quando conheceu Caroline, Mayra não sabia que ela jogava futebol e ficou impressionada com a regularidade com que ela pratica o esporte. “Ela leva muito a sério o seu lazer, que chega a se tornar uma atividade regular, fazendo assim ser um compromisso com o seu bem estar, corpo e mente”. Mayra não acredita que por isso Caroline tenha uma vida dupla, pois “até o momento, eu a considero como tendo um compromisso com o que ela imagina ser o seu futuro e um lazer que poderá lhe sustentar caso haja um pouco mais de dedicação”.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Edison Boeira

EM BUSCA DA PALAVRA-CHAVE

Nome: Edison da Silva Boeira
Idade: 52 anos
Por que tem uma vida dupla? É chaveiro e poeta.


Em frente ao supermercado Zaffari da rua Fernando Machado há uma casinha de chaveiro diferente. Aquele que se aproximar irá perceber livros e poemas expostos no vidro do estabelecimento. Não estão lá por acaso. São de autoria do profissional que trabalha naquele ponto há trinta e um anos e atende pelo nome de Edison Boeira da Silva.


Ver Edison Boeira num mapa maior

Quem tem conhecimento dos dois ofícios de Edison, nem imagina que ele não costuma ler livros de romances, contos e tampouco poesia, preferindo jornais e revistas. Assim como não se consegue entender como alguém com o seu estudo seja capaz de tiradas tão boas. É no meio do trabalho, nos horários livres em casa, em alguma cena quotidiana que Edison Boeira encontra a sua inspiração. As muitas pessoas que passam diariamente em frente à casinha de chaves do nosso personagem da vez não sabem que se resolverem parar para uma fazer uma cópia ou uma troca de segredo, podem ficar ali por horas sem notar o tempo passar, envolvidas pela prosa do poeta-chaveiro.

Na escrita, começou por acaso. Um de seus filhos, jogador de futebol de salão, foi morar na Espanha. Para poderem se comunicar, seu filho lhe deu de presente um computador. Em princípio, Edison refutou a idéia; mas acabou cedendo, pois a comunicação via telefone estava muito cara. Assim, ele se viu obrigado a aprender o uso do serviço de mensagens instantâneas da web. Ao perceber que juntamente ao nome do usuário desse programa, poder-se-ia colocar uma frase, Edison se interessou e ficou pensando em uma de efeito para usar. Criada a frase, houve um
retorno por parte dos conhecidos, que passaram a lhe incentivar. A partir deste incentivo, ele não mais parou. Tudo isto há apenas três anos.

Como chaveiro, tudo aconteceu bem mais cedo. Aos nove anos, Edison ganhou de seu pai uma caixa de engraxate. Enquanto perambulava em busca de clientes, ele observava o trabalho de quem fazia chaves. Ele lembra que “naquela época, não havia casinhas de chaveiros, eles iam até as pessoas de Kombi”. Aprendeu todo o ofício sozinho, sem professores, faz questão de dizer. Até mesmo a lida com cofres Edison aprendeu na base da observação.

No âmbito familiar, casou cedo e precisou largar os estudos para sustentar a casa. Logo vieram os filhos, e com eles uma necessidade ainda maior de renda. Uma rotina bastante maçante para um garoto de somente dezesseis anos. Ao falar sobre isso, ele se mostra um tanto chateado de não ter completado o Ensino Médio, mas desdenha o caso, dizendo que se houvesse terminado os estudos, seria como todos os outros que escrevem. Com a artimanha de alguém experiente, nosso entrevistado faz de uma mágoa um diferencial.

O titulo de seu primeiro livro, “Escolhendo a chave certa, frases que nos levam a pensar”, define bem como Edison concilia suas duas habilidades. No momento em que se encontra fazendo chaves, ele conversa e presta especial atenção nas maneiras e falas das pessoas ao redor. Ao ser impactado por uma frase qualquer, solta no diálogo, ele já sabe o que fazer: anota e depois retrabalha de maneira mais rebuscada, em busca de um resultado mais belo. Edison soma tantas histórias que nem tem certeza do numero exato delas, mas sabe que passam de quatrocentas – entre prosa e verso. Devido a esta elevada criatividade, ele já publicou seu segundo livro, “O Poeta, o sapo, e o prato do dia”, e está elaborando o terceiro.

Mas o homem que estreou tarde nas letras e cedo a fazer chaves, é um só. Perguntado se considera-se uma pessoa com uma vida dupla, Edison é enfático e responde prontamente que não. Sua vida é uma só, independentemente de suas atividades e de quando iniciou nelas.




Antes de começar a escrever, já era conhecido por ser um chaveiro muito competente e um cidadão deveras popular. Sempre de bom-humor, atencioso e conversador, é querido por todos na zona onde mora e trabalha há mais de trinta anos. Com a inclusão no mundo das letras, essa relação só aumentou. Tanto que em 2008 foi escolhido como uma das personagens ilustres do centro da capital gaúcha.

Graças a um conhecido, que é oriundo da cidade de Vilhena, em Rondônia, Edison Boeira foi eleito membro da Academia Vilhenense de Letras. Já ganhou um Troféu de Poesia Mário Quintana, com a composição “Quimera”. Ele também faz parte da Associação Gaúcha dos Escritores Independentes (AGEI). Em janeiro deste ano, partcipou do I Fórum Latino-Americano de Literatura, no qual houve o II Encontro de Escritores do Mercosul, em Santiago.

Seguidamente é convidado para participar de coletâneas de poesia, gravação de discos com declamação de poemas, programas de rádio. Edison revela que o principal retorno desses acontecimentos é emocional, não financeiro. Fala com entusiasmo da vivência adquirida em viagens, da recepção por parte de quem lê e admira suas frases, seus versos.

Humilde, Edison reconhece que está no início de uma jornada criativa que leva muito tempo. Sabe que seus três anos de atividade poética são apenas os primeiros degraus que deve galgar para atingir um público e um reconhecimento maiores. Mas isso não parece ser, de maneira alguma, uma dificuldade para ele. Perfeccionista e persistente, ele devota seu tempo às chaves e às palavras. Serra e lima as primeiras, corta e seleciona as últimas.

Luciano Said Boeira Martins
Sobrinho e colega

Você acha que o Edison tem uma vida dupla?
Sim, antigamente ele trabalhava direto de segunda a sábado, das oito da manhã às sete da noite. Agora, por exemplo, tu vens amanhã e ele não está aqui. Ou vem duas vezes por semana, sabe? De vez em quando ele faz esse negócio com livro, né? Agora ele está tendo esse sistema duplo. Tem de deixar aqui para fazer alguma reunião do livro ou ir numa gráfica. Fazer um concurso de literatura ou expor, que nem na Feira do Livro. Ele tem de se dividir.

Como chaveiro, ele é meticuloso, perfeccionista?
É bastante. Persistente. Faz uns quarenta anos que ele é chaveiro. Só aqui (Rua Fernando Machado, 922, quase esquina com a Avenida Borges de Medeiros) ele está há mais de trinta anos. Ele é um dos primeiros chaveiros de Porto Alegre. Ainda nem existia a casinha (de chaveiro), era Kombi. Ele é tão persistente que, a maioria dos
chaveiros da redondeza, os mais antigos, quando não consegue resolver alguma coisa, manda para ele. Com ele, não tem não resolver. Se chegar com uma coisa que ninguém resolveu, ele dá um jeito.

Ele é muito conhecido, respeitado como chaveiro?
É. Se tu pegar um chaveiro da época dele ou um pouco mais para cá, uns vinte anos atrás, não tem quem não conheça.

Há quanto tempo ele está aqui na Rua Cel. Fernando Machado?
Trinta e um anos. Não tinha nem o Zaffari (supermercado Zaffari da Fernando Machado) e ele já estava aqui.

O Edison deixa transparecer que é um poeta? Ele usa palavras rebuscadas, diferentes no dia-a-dia?
Durante o dia ele fala normal. Quando ele vai fazer a poesia, ele faz o bruto, depois ele pega outra palavra, um sinônimo no dicionário, para ficar mais bonito, para ficar mais poético.

Como o Edison escreve seus poemas?
Durante o dia-a-dia ou em algum momento de retiro?
Ele escreve os livros dele do nada. Ele está olhando para a rua e vê alguma coisa ou alguém fala alguma coisa interessante, ele escreve num papelzinho. Depois vai montando a frase, no caso, a poesia. Isso é o dia todo. Não tem hora. Porque ele conversa muito. Gosta de conversar.

Onde ele escreve seus poemas?
Geralmente ele faz aqui. Depois ele pega uns bloquinhos e passa a limpo.

Como é quando você está sozinho no ponto, um cliente vem e se interessa pela poesia do Edison?
Eu explico que é meu tio, que escreve e tal. Dou um livro para eles ficarem olhando enquanto eu faço as chaves. Tem gente que pergunta onde compra. Já vendo aqui mesmo, ficam exemplares separados.

Onde o Edison vende seus livros?
Ele vai vendendo aqui. Por exemplo, se tu vens aqui e enquanto ele está fazendo a chave, tu começas a ler aqui e ele vê que tu estás lendo, ele já vai começar a declamar alguma coisa. Começa a declamar e tal, faz o cliente querer comprar.

Há quanto tempo você trabalha aqui?
Eu trabalho aqui faz onze anos.

O Edison mudou depois de começar a escrever?
Mesma coisa.

Ele tem o hábito da leitura?
Sim, eu e ele, direto. Livro e cruzadinha...

Você tem alguma poesia preferida dele? Ou em prosa?
Eu acho que ficou bem feita “A menina do sexto andar”, que é sobre a Isabela Nardoni. É uma história. Ele fez como se fosse o pai da guria.


Entrevista com Moacir Souza
Editor do livro “O poeta, o sapo e o prato do dia – Coletâneas do meu Pensar”

Você acha que o Edison tem uma vida dupla?
Sim, claro que sim. Ele é um capitalista por necessidade e um socialista pela humanidade em seu coração. São raros os poetas que não são socialistas. Boeira é uma regra, não uma exceção.

O que te chamou a atenção na poesia do Edison?
A urgência. Ele escreve o que observa nas ruas, nas calçadas, no seu ponto de trabalho.

Isso é muito raro, incomum?
Penso que do ponto de vista da História, as melhores histórias sempre estiveram relacionadas às vidas sociais das pessoas e não aos acontecimentos pessoais dos poetas.

Então o Edison possui o estilo dos poetas que escrevem as melhores histórias?
Não sei se são melhores ou piores, mas refletem as dores daquela comunidade, daquele solitário, de quem não enxerga nenhuma esperança no horizonte.
Acho que o Boeira, pelo seu ofício de chaveiro, abre cofres. Mas por sua vocação, por sua poesia, ele abre corações e encontra esperanças.

O Edison fala muito sobre estar trilhando um caminho em direção a se tornar mais conhecido, mais respeitado como poeta. Concordas?
O Brasil lê pouco, de modo geral, a poesia em último lugar, do ponto de vista das vendas. O mercado editorial brasileiro hoje está em plena expansão. Acho que poetas como Boeira têm uma vida de muito sucesso pela frente.
Porque não tergiversam, nem falam mentiras, apenas fotografam o que passa no coração de cada um que tenha dor no coração.
Os poetas são absolutamente necessários, ao contrário do que questionou Ivan Lessa.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

André Silveira

ANDRÉ SILVEIRA, UM SUJEITO BOA PRAÇA


Nome: André Silveira
Idade: 31 anos
Por que tem uma vida dupla: É médico psiquiatra e músico


“Eu não gosto de doideira total, mas também não gosto de rotina.” Essa frase de André Silveira resume bem seu estilo de vida. Ele é médico psiquiatra e guitarrista da banda Cartolas.
Na vida de André, a medicina e a música começaram juntas. No último ano do Ensino Médio, em que se preparava para o vestibular, que aprendeu a tocar violão. Até hoje as duas atividades se complementam.


Eu não consigo fazer uma coisa só by natyrgomes


Para dar conta das duas atividades, André recorre a uma rotina diferenciada. Mantém uma carga maior de reuniões e consultas da psiquiatria de segunda após o meio-dia até quinta-feira, ficando o início da semana e a sexta-feira mais leves. Mas o alívio que a sexta recebe da rotina de médico é contrabalançado pela Cartolas. Como uma banda de rock que se preze, a chegada do fim de semana significa uma agenda atribulada com shows e viagens.


Além de tocar guitarra, também é responsável por boa parte das composições dos Cartolas. As letras das músicas, com apenas uma exceção, são de autoria dele. Também colabora na criação de grande parte das melodias. Ele tem o hábito de se dedicar à composição todos os dias. São poucos os dias em que a atividade rende frutos para os Cartolas, mas ele procura criar canções em momentos diversos como entre uma consulta e outra, após o almoço ou enquanto dirige. Quando a inspiração vem e não tem um bloquinho à mão, recorre ao celular. Seu aparelho tem várias versões “originais” de músicas da banda.



Compositor, médico, excessos by natyrgomes


Hoje em dia, entre hospitais, postos de saúde, clínicas de atendimento e consultório próprio, é comum o médico ter mais de um trabalho. Atende em um local apenas numa parcela da semana, construindo a rotina de trabalho como um mosaico. Até uns anos atrás, entre Sapucaia, Canoas e Porto Alegre, André conciliava seis trabalhos diferentes como médico psiquiatra, fora a carreira com os Cartolas. O cansaço e o estresse foram os responsáveis pela diminuição no número de trabalhos de lá para cá. Ano passado, quando ainda tinha três trabalhos, ao tirar férias de um, constatou o bem que isso lhe fazia e decidiu que essas férias não teriam retorno.


Atualmente, concilia o consultório próprio com o atendimento em um posto de saúde e aproveita o tempo a mais que possui. Clinica, compõe, corre, namora e ainda sobra tempo para dormir oito, nove horas por dia. As corridas são feitas pela manhã, antes de ir para o consultório. Desfruta o tempo com a namorada no fim do dia, após as consultas.



Dá tempo by natyrgomes

E tudo na música começou com uma revista com cifras de músicas do Raul Seixas. Quem a encontrou foi Otávio, seu irmão mais novo e baixista dos Cartolas. Ela estava encharcada em cima do bebedouro da escola. André, que escutava muito o Maluco Beleza naquela época, a pendurou no varal e, de posse do violão, começou a praticar os acordes ensinados pelas páginas do manual. Em uma semana já conseguia tocar aquelas músicas relativamente bem e em dois meses viu que o quê lhe atraía era compôr, não só tocar canções de outras pessoas.



Como começou a tocar by natyrgomes

Prestou vestibular para Medicina, depois de ficar em dúvida entre esse curso, Arquitetura e Engenharia. Cursou na
UFRGS. Morador de Canoas, pegava dois ônibus e um trem para ir às aulas. Tanto que em sua formatura, agradeceu à Trensurb, o que lhe valeu um convite para um café com o diretor da empresa.


A necessidade de escolher uma especialização foi um momento difícil para ele. André não via muita relação entre a área medica em geral e sua vida, sua banda. Foi quando o interesse pela Psiquiatria manifestou-se de maneira mais clara. “Se não fosse a Psiquiatria no ramo da Medicina, eu teria que fazer outra faculdade.” O caráter mais subjetivo, menos exato desse segmento, aliado à possibilidade de maior controle sobre seu horário, foi decisivo para a escolha. “Tranquilamente, tu pode ser psiquiatra e ser músico”, acredita André.



Milene Unikowski - namorada


Se ser namorada de músico já é complicado, imagina ser namorada de um médico músico. Milene Unikowski que o diga, ela é a namorada do André e na entrevista concedida ao blog Uma Vida Dupla ela comenta como é conciliar as duas carreiras com o tempo de relacionamento dos dois. Orgulhosa do esforço do namorado ela diz que o apoio é essencial, e que se for preciso mudarem de estado para acompanhar a banda ela já esta de malas prontas.
Confira na íntegra a entrevista de Milene

Você acha que o André tem uma vida dupla?
Certamente, acredito que mais do que dupla! Ele tem duas profissões, as quais leva muito a sério. Quando está fazendo música, ele é completamente comprometido com aquilo, se envolve em tudo, desde criar as letras, melodias até o processo final do disco, como a questão da arte da capa, por exemplo. E o mesmo com a medicina. Não posso dizer como ele é atendendo, obviamente, mas vejo diariamente o empenho e interesse que ele tem pela profissão, sempre participando dos congressos (ainda tem isso além das turnês com a banda), palestras, cursos, lançamentos de livros, sempre se atualizando. E além disso tudo ainda tem a família, os amigos e eu! Acho que é mais do que dupla essa vida!



Como é conviver com essa rotina de vida dupla do André? Quanto tempo sobra para o relacionamento de vocês?
Como disse a rotina do André é muito corrida. Durante o dia ambos trabalhamos, ele no consultório ou nos postos de saúde que ele atende (além do consultório o André é psiquiatra concursado e vai atender em Gravataí duas vezes na semana, vai e volta para Canoas) e eu no escritório, fim do dia ele tem ou ensaio, ou alguma atividade que esteja relacionada com psiquiatria e sempre que possível sai com os amigos. Eu faço minhas coisas, vejo minhas amigas, e lá pela noitinha nos vemos e vamos para casa. Mesmo cansado ele faz questão de saber como foi meu dia, contar as novidade e muitas vezes sou surpreendida com um jantarzinho romântico. Temos um tempo um pouco mais restrito que outros casais, mas ele é tão bem aproveitado que sinto que ele sempre está presente para mim! Apesar da correria, sinto que sempre posso contar com ele. Além disso, costumamos nos falar durante o dia, estamos sempre em contato.


Qual das duas atividades você acha mais interessante?
Acho ambas muito interessantes, além disso, conversar com o André sobre ambas deixa qualquer um fascinado! Mas a que acho mais interessante é a carreira musical! Estou mais presente que na psiquiatria. Música ele cria em casa! Tem vezes que estamos sozinhos, vendo um filme e ele me diz: - Amor! Já volto, estou com uma idéia de música na minha cabeça! - Quando ele volta já tem alguma coisa gravada! Fico encantada com isso!


Você acha que a carreira de músico atrapalha a carreira de psiquiatra?
De forma alguma! Como eu disse, ele se doa para ambas as profissões. Certas vezes acho que ele se cobra demais, acha que tem que fazer mais, ou se dedicar com exclusividade para uma só das profissões, mas o André é assim, ele se doa, ele exige dele mesmo, está sempre se avaliando. Não acho que a música atrapalhe a psiquiatria e nem a psiquiatria atrapalha a música. Em alguns momentos acho que elas se ajudam.


Quando vocês se conheceram ele já tinha estas duas atividades ou você acompanhou toda essa trajetória desde o início?
Quando nos conhecemos ele já tinha ambas as atividades. Mas eu estive presente em um processo mais intenso que foi a gravação do novo disco... Nossa!!! Que loucura... Eram reuniões, ensaios, horas de estúdio, depois de gravar tinha que masterizar, e como comentei, o André participa de tudo, absolutamente tudo! Vão gravar a bateria, ele está lá, o baixo, lá vai ele, vão masterizar... horas de André no estúdio, e além disso tem consultório, posto, eu! Esse foi o período mais corrido, mesmo assim se dá um jeito, até acompanhar algumas gravações eu acompanhei. Sabe que no final a correria vale a pena só pela satisfação naquele rostinho cansado, fico super orgulhosa!


Você acha que o seu incentivo as duas carreiras ajuda ele a manter essa vida dupla?
Tomara que sim! O Dé é muito feliz com o que ele faz! Enquanto ele estiver feliz eu vou incentivar ele. Acho importante que ele saiba que sempre terá meu apoio para isso. Que a vida é corrida, isso é, mas a gente sempre dá um jeito.


Otávio Silveira - Irmão e baixista da banda Cartolas


Foi ele quem encontrou a fatídica revista com músicas do Raul Seixas, a pendurou em uma árvore para secar e emprestou para o André. Mas não só isso. Otávio Silveira é baixista dos Cartolas, toca junto ao irmão desde o início da carreira musical, em todas as bandas que formaram. Além de também ter uma vida dupla - Otávio é engenheiro mecânico. Confira abaixo a entrevista de Otávio ao Uma Vida Dupla


Quando surgiu esta idéia de vocês formarem a banda Cartolas? Foi antes dele escolher a especialização em psiquiatria?
É complicado lembrar o exato momento em que isso ocorreu, e se realmente ocorreu, pois começamos a tocar em uma mesma banda de forma muito natural. Nunca existiu um momento de reflexão para a criação de uma banda. Simplesmente o André começou a tocar guitarra e logo depois eu comecei a tocar baixo; como os nossos gostos musicais se tornaram mais próximos, resolvemos tocar juntos. Acho que ele ainda não tinha escolhido a especialidade da psiquiatria, mas já fazia medicina, e eu estava no segundo grau do colégio.

Qual das duas atividades você acha mais interessante?
Se pudesse dizer que atividade ele deveria escolher entre as duas, diria a música. Considero as duas muito interessantes em vários aspectos e creio que elas têm muita semelhança, principalmente pelo fato do André ser compositor. Mas a psiquiatria te leva para um lado muito triste e sombrio por estar sempre ouvindo “reclamações”, enquanto a música te traz o contrário, que é a felicidade do público por se identificar com o teu trabalho. Vale ressaltar que essa é a opinião de alguém que não é psiquiatra.

Você acha que a carreira de músico atrapalha a carreira de psiquiatra ou ao contrário?
Tenho certeza que as carreiras em conjunto se atrapalham, mas também se ajudam. Pois, falando de forma bem clichê, nessa correria de hoje em dia o tempo que tu perde com uma carreira poderia ser utilizado para melhorar a outra; e o dia continua tendo somente 24h. Enquanto o André perde tempo ensaiando, compondo, fazendo shows ou participando em programas de rádio e TV, ele poderia estar atendendo no consultório, fazendo algum curso de especialização, participando de congressos ou simplesmente descansando. Por outro lado, o inverso é verdadeiro, pois nós da banda, sempre comentamos que o André deveria deixar um pouco mais de lado a atividade de psiquiatra e assim dedicar-se mais a banda. Por fim, acho que elas se ajudam porque uma funciona como válvula de escape para a outra.

O André nos disse que você também concilia a banda com a carreira de engenheiro, você acha que o exemplo dele, como irmão mais velho, o influenciou nessa escolha?
Não, de forma alguma. Nunca pensei nisso como um exemplo e ainda considero um mau exemplo. Claro que é importante termos uma formação mais, digamos, “clássica” (eu sei que essa não é a palavra ideal, mas não me vem outra em mente). Ou seja, como a vida de músico é muito complicada e depende de muitos fatores e de muita gente para que role de forma legal, se um dia tudo der errado, nós dois teremos pra onde fugir. Além disso, como eu ainda não tinha certeza se realmente gostaria de seguir a carreira no meio musical, era importante ter outra formação. Mas sempre fico com um peso na consciência, pois acredito que o ideal é se dedicar somente a uma atividade e levar as outras como hobbies.

Na entrevista, o André colocou que se a banda começasse a fazer muito sucesso vocês teriam que se mudar para São Paulo. Como você encara esta possibilidade?
Encaro muito tranquilamente. Acredito que no momento que alguém se dispõe a trabalhar nesse meio, tem que estar disposto a isso. É em São Paulo que as coisas acontecem, lá estão os maiores meios de comunicação e onde está a grana. Assim, somos quase obrigados a se mudar para lá, ou precisamos estar dispostos a ir e vir de lá constantemente.Claro que São Paulo oferece uma riqueza cultural como quase nenhuma outra cidade no Brasil, mas gosto muito de praia e de estar em contato com a natureza, assim São Paulo está longe de ser uma das minhas cidades preferidas.










quarta-feira, 5 de maio de 2010

Pauta colaborativa

Esta pauta foi feita por Mauro Castro com a proposta de ser um matéria colaborativa, em que uma pessoa que não é da área da comunicação faz o papel do jornalista. O objetivo é dar as diretrizes para o leitor ser também um comunicador, de uma forma ética e cidadã.

Uma vida múltipla

Acho que nenhum adolescente sonha em ser taxista. Eu também não sonhava, assumi essa profissão meio que por osmose, herdada do meu pai. A vida é uma estrada cheia de desvios, uma prova cheia de questões de múltipla escolha. O fato é que acabei parando no volante de um táxi e, por incrível que pareça, gosto muito de minha profissão.
Tenho uma passageira, adolescente, que levo uma vez por semana ao analista. Ela não gosta, mas os pais a obrigam. Aliás, desconfio que os pais são o principal problema da menina. Eles não a entendem, não a aceitam.
Assim que embarca no táxi, ela abre um estojo de maquiagem e começa a se montar. Coloca sombras muito escuras nos olhos, batom preto, gel no cabelo e outras coisas mais. Quando volta da análise, antes de entrar em casa, ela tira tudo. Volta a ser a menina que os pais gostariam que fosse. E isso não é tudo.
O pai, um importante funcionário da área diplomática, deu dinheiro para que ela fizesse um curso de Inglês. Ao invés disso, ela inscreveu-se em um curso de artes circenses. Está praticando malabarismo aéreo em tecido - uma modalidade de acrobacia em que o artista se pendura em uma fita de tecido e faz manobras no ar. Dia desses, fiquei para assistir a uma aula. Bem legal.
Acho cruel exigir que um jovem na casa dos vinte anos decida o que quer ser na vida. Quando tinha essa idade, meu pai sonhava que eu fosse funcionário do Banco do Brasil, mas sempre me apoiou em minhas decisões, mesmo quando resolvi que seria um taxista-escritor-músico-desenhista. Nessa ordem.
Nem todos levam às últimas consequência seus sonhos juvenis. À medida que o mundo gira, minha jovem passageira, por exemplo, pode perceber que a carreira diplomática tem lá sua graça, assim como a vida no picadeiro. Talvez, então, pai e filha se entendam.
Por falar em pai, alguém sabe quando abre concurso para o Banco do Brasil?

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Manuela Marcili

A GAROTA DAS ÁGUAS

Nome: Manuela Marcili
Idade: 24 anos

Por que tem uma vida dupla?
É remadora e Técnica em Hidrologia.

Quem pensa que ter duas vidas é fácil, está muito enganado. Manuela Marcili, 24 anos, é técnica em Hidrologia e remadora apaixonada pelo esporte. É a prova de que para conciliar duas carreiras é preciso muita dedicação.

Influenciada pelo irmão Marcelus Marcili, remador com participação em Olimpíadas, como a de Sidney, ela começou a remar aos quinze anos, ainda na época da escola. Mas no início o esporte não lhe encantou. Por achar uma atividade muito solitária, Manuela treinou apenas dois meses e depois afastou-se do remo. Com o passar dos anos, o esporte voltou a fazer parte de sua vida, mas como um exercício físico. Os vários treinos no Grêmio Náutico União fizeram com que se profissionalizasse no remo e a primeira impressão fosse deixada de lado. “Eu tinha um pensamento meio diferente. Agora acho melhor, porque tu não dependes de ninguém. Na adolescência a gente gosta de estar em grupo, mas hoje acho essa independência melhor. Eu posso fazer meu horário, não dependo de uma equipe inteira”, explica ela.
Formada em Técnica em Hidrologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), além de remadora, ela trabalha há dois meses na CORSAN com carga horária de oito horas diárias. Exercendo o seu ensino técnico no setor de esgotos, Manuela analisa projetos para todo o estado. Além disso, ela ainda cursa Bacharelado em Educação Física no Centro Universitário Metodista IPA. Para conciliar as duas vidas, Manuela adapta os horários do treino aos do trabalho e à noite cursa a faculdade. Por ter várias atividades, é destaque entre os colegas de trabalho. Rodrigo José Gomes, 32 anos, também Técnico em Hidrologia, trabalha com Manuela. Ele diz que admira muito a colega por conseguir se adaptar, além do remo e do trabalho, também os estudos. “É admirável ver que ela não desistiu de uma carreira só por ter entrado em uma área totalmente diferente”, elogia Rodrigo.
Para conseguir treinar, Manuela precisa pegar a barca às quinze para as sete da manhã no cais do Porto perto do Mercado Público (ver o mapa abaixo). O treino dura cerca de duas horas sendo que ela precisa estar no serviço às nove da manhã. Ela sai da Ilha do Pavão às quinze para as nove, pega a barca cuja travessia dura quinze minutos, vai de moto até o prédio do Banrisul, onde fica a Corsan, e bate o ponto às nove e três. O tempo é curto, mas ela consegue manter este horário de treino sem atrapalhar o trabalho. O treinador do Grêmio Náutico União, Marcello Varriale, 27 anos, diz que é normal os remadores terem outra atividade, pois quando a carreira no remo termina, é preciso ter outro ramo para seguir. Além disso, ele ressalta que uma atividade paralela ajuda, pois quando os atletas ficam focados apenas no treino, exigem demais do próprio físico, o que prejudica o desempenho final. “Quando acaba a carreira de remador, eles têm que ter outra coisa. Então tem uns que não estão inseridos no mercado de trabalho em turno integral, mas sempre buscam outra opção, até para gerar uma renda”, explica Marcello.


Visualizar Manuela Marcili Silva em um mapa maior

Confira as fotos do treino:



A carreira de remo exige bastante do atleta. Aos quinze anos, um remador de grande potencial pode vir a fazer cinco sessões de treino por semana. Com o passar do tempo, isso só aumenta. Aos dezoito anos, o treino deve ser de duas sessões ao dia, o que exige muita dedicação. No caso de Manuela, os treinos começaram tardiamente, como explica seu treinador: “Ela começou a remar tarde, foi no ano passado que ela começou a fazer um treino mais regrado. Como ela não passou por todas as fases, ainda tem muita coisa para acumular de aprendizado”.
Ao ser questionada se acha que tem duas vidas, Manuela responde que sim, pois além de ser uma atleta, o trabalho que executa é de área muito diversa do esporte. “É bem diferente. Na verdade, acho que ela é dividida não só porque sou atleta, mas porque faço Educação Física”, explica Manuela. Apaixonada pelo esporte, diz que só não escolhe o remo como uma profissão porque não proporciona estabilidade financeira: “Se o remo me trouxesse segurança, se pudesse comprar a minha casa, eu ficaria só com o remo, mas não dá, então busco uma atividade paralela”.
Veja abaixo o depoimento de Manuela:

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Mauro Castro

O CARA DOS MÚLTIPLOS TALENTOS

Nome: Mauro Edson Santana Castro
Idade: 43 anos
Por que tem uma vida dupla? É taxista e escritor.


Existem cerca de 10.200 motoristas de táxi em Porto Alegre. A maioria deles é muito falante, bem humorada e com várias histórias para contar. O que fez a diferença para Mauro Castro é que ele transportava para o trabalho o editor de um grande jornal popular de Porto Alegre. Eles conversavam sobre literatura, assuntos do cotidiano e, claro, sobre todos os acontecimentos inusitados na vida de um taxista. Com toda a sensibilidade e o faro para algo que possa virar notícia que um jornalista deve ter, Cyro Martins logo percebeu que os “causos” de Mauro poderiam ser um diferencial para o jornal. Perguntou ao taxista se ele poderia escrever uma dessas histórias e enviar para ele. O editor gostou muito da primeira história e pediu que Mauro, se tivesse mais delas escritas, enviasse para ele. Mauro escreveu mais algumas crônicas e mandou para Cyro, que o convidou para colaborar com o jornal quando tivesse algum texto. Assim começou a sua vida dupla: taxista (coloca o taxista em primeiro, ele pede) e escritor. Atualmente, ele tem uma coluna semanal no Diário Gaúcho – com quase 400 textos já publicados – um blog, o Taxitramas, e um livro já publicado.

Apesar de ser blogueiro, cronista, desenhista amador e até músico, Mauro não pensa que tem uma vida dupla, porque não acha que vive a vida de escritor. Escreve seus textos ali, dentro do táxi, entre uma corrida e outra. Algumas histórias são suas, outras são dos colegas, que frequentemente aparecem na coluna. O ponto de táxi é o lugar de encontro e conversas, onde os casos são contados. Ismar Castro, apelidado de Tinga, conta que já se acostumou com a fama do amigo e as entrevistas que são feitas no local. Outro amigo, Luiz Antonio Florindo – o Toninho – conhece Mauro há mais de 8 anos e não imaginava que ele tivesse todo esse talento para a escrita. Já Álvaro dos Santos Machado, conhecido como “Dedo duro”, sempre desconfiou da veia artística do colega e lembra da vez em que se envolveu em uma “quase-briga”, quando pegou um martelo e foi em direção a um sujeito. Mauro “descaradamente”, no outro dia, apareceu com um desenho de Álvaro com um martelo na mão. “Não era para ele estar trabalhando como taxista, era para ele ser desenhista, jornalista”, opina “Dedo duro”. Quando jovem, Mauro até pensou em ser jornalista. Fazia fanzines (espécie de jornal amador) com os amigos, mas nunca escreveu regularmente. Acabou comprando o táxi e gostando da profissão, pela possibilidade de trabalhar por conta própria e de fazer seus próprios horários. Não trocaria a profissão de taxista pela de jornalista, como poderia ter ocorrido quando foi convidado por Cyro Martins para trabalhar no jornal. Na época, havia a exigência do diploma de jornalismo e o taxista preferiu não fazer o curso. “É o táxi que paga as contas lá em casa. Acredito que o jornalismo não me daria a mesma remuneração que o táxi”, explica Mauro.

Veja as fotos da entrevista:



Quando se depara com a pergunta “Você escreve bem?”, o cronista hesita um pouco, mas acaba deixando a modéstia de lado e declara que sim. Acredita que o escritor bom não é só aquele que tem talento, mas que também pratica constantemente, cada vez mais aperfeiçoando a escrita. Algumas histórias acontecem com ele e outras ele coleta com colegas, edita, coloca uma pitada de ficção. A maioria delas são de passageiros que pegam táxi no ponto onde ele fica, na Rua Saldanha Marino com a Av. Getúlio Vargas (ver o mapa abaixo), por isso Mauro tem o cuidado de trocar os nomes, para não “se incomodar”. Ele conta que algumas histórias são muito peculiares e os passageiros acabam identificando que aquilo aconteceu com eles. Alguns reclamam, outros gostam. Já aconteceram casos engraçados (para nós, pelo menos), como o de uma mulher que descobriu, através de um dos textos que era traída pelo marido. Alguns ainda duvidam da veracidade das crônicas e sempre tem um para perguntar se aquilo é verdade mesmo.


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Quando se acha que o taxista/escritor não poderia ter uma vida mais movimentada, ele ainda declara que é músico. Toca teclado em duas bandas – uma que se apresenta em casamentos, Claves em Sol, com o predomínio de músicas clássicas, e outra chamada Banda Larga, com um estilo pop. “Dedo duro” estava mesmo certo, Mauro deveria estar trabalhando como artista. Porém, sem sua vivência de taxista, ele não teria todas essas histórias para contar e poderia ser um artista medíocre. Embora Mauro não ache que tenha uma vida dupla, dá para perceber que ele não nasceu para ter uma vida só.

Confira trechos da entrevista em vídeo:




Passageiros Virtuais


Com tantos blogs sobre assuntos diferentes disponíveis na Internet, conseguir manter leitores assíduos é uma grande dificuldade. Achar um diferencial é um desafio para o blogueiro e Mauro Castro conseguiu isso: tem mais de 240 seguidores no Taxitramas. Além disso, possui os leitores de sua coluna semanal no Diário Gaúcho, que muitas vezes também migram para o ambiente eletrônico. Esse é o caso de Ricardo Mainieri, 49 anos, que assim como Mauro tem mais de uma profissão – é publicitário, servidor público e poeta nas horas vagas. O que fez com que Ricardo se tornasse leitor fiel de Mauro foi “principalmente o senso de humor e as estórias insólitas. E admiração por alguém com uma profissão mais operacional detentor de um bom nível de escrita”.

Questionado sobre se gostaria de ser um personagem de alguma história do taxista, o leitor afirma que prefere o anonimato. Ao contrário de Clarice De Marco, bancária aposentada e seguidora do trabalho de Mauro há aproximadamente quatro anos, que sonha: “E quem não gostaria de virar personagem?” Ela conheceu o texto do escritor através do blog e já teve a oportunidade de encontrá-lo pessoalmente. Inclusive, ela gostaria que a história do encontro dos dois fosse contada por Mauro. Para ela, o texto é o principal trunfo do taxista: “A narrativa dele é concisa, ritmada, surpreendente muitas vezes. Talvez por lidar diariamente com pessoas, ele desenvolveu essa sensibilidade para captar os sentimentos delas e transformar isso em histórias tristes, hilárias, curiosas. O texto dele é leve, agradável, pessoal. Quando se começa a ler, é como se estivéssemos dentro do carro com ele. Pra mim isso é conexão com o leitor”.

Bem-vindo a Uma Vida Dupla

Somos Bolívar Abascal Oberto, Gabriel Araujo, Juliana Vencato, Liane Fraga e Natacha Gomes. Cinco estudantes de Jornalismo da PUC-RS que manterão esse blog com reportagens sobre pessoas que conciliam duas carreiras - sejam elas por hobbie, talento, necessidade ou quaisquer outros motivos. Pretendemos mostrar as várias faces de diversas vidas duplas, além das consequências sofridas por quem convive com essa duplicidade (boas ou más). Aproveite e acompanhe as histórias que publicaremos, será um presente para nós obter a sua visita e os seus comentários - seja se identificando com alguma história ou apenas curtindo-as.